
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Feliz Natal

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Sixtina
Outro Powerpoint transformado: factores culturais.
Mudança Cultural.
It's all falks!
STC
http://pinderico.blogspot.com/2005/09/modelos-de-sociedade.html
LE
http://br.youtube.com/results?search_query=madonna+american+life&search_type=&aq=1&oq=madonna+a
várias versões
"American Life"
Do I have to change my name?
Will it get me far?
Should I lose some weight?
Am I gonna be a star?
I tried to be a boy,
I tried to be a girl
I tried to be a mess,
I tried to be the best
I guess I did it wrong,
That's why I wrote this song
This type of modern life - Is it for me?
This type of modern life - Is it for free?
So, I went into a bar looking for sympathy
A little company - I tried to find a friend
It's more easily said it's always been the same
This type of modern life -Is not for me?
This type of modern life -Is not for free?
American life
I live the american dream
You are the best thing I've seen,
You are not just a dream
I tried to stay ahead,
I tried to stay on top
I tried to play the part,
But somehow I forgot
Just what I did it for
And why I wanted more
This type of modern life - Is it for me?
This type of modern life - Is it for free?
Do I have to change my name?
Will it get me far?
Should I lose some weight?
Am I gonna be a star?
American life
I live the american dream
You are the best thing I've seen,
You are not just a dream
I tried to be a boy,
I tried to be a girl
I tried to be a mess,
I tried to be the best
I tried to find a friend,
I tried to stay ahead
I tried to stay on top...
Fuck it...
Do I have to change my name?
Will it get me far?
Should I lose some weight?
Am I gonna be a star?
I'm drinking a Soy latte
I get a double shot
It goes right through my body
And you know
I'm satisfied,
I drive my mini cooper
And I'm feeling super-dooper
Yo they tell I'm a trooper
And you know I'm satisfied
I do yoga and pilates
And the room is full of hotties
So I'm checking out the bodies
And you know I'm satisfied
I'm digging on the isotopes
This metaphysic's shit is dope
And if all this can give me hope
You know I'm satisfied
I got a lawyer and a manager
An agent and a chef
Three nannies, an assistant
And a driver and a jet
A trainer and a butler
And a bodyguard or five
A gardener and a stylist
Do you think I'm satisfied?
I'd like to express my extreme point of view
I'm not Christian and I'm not a Jew
I'm just living out the American dream
And I just realized that nothing Is what it seems
Do I have to change my name
Am I gonna be a star
Do I have to change my name
Am I gonna be a star?
Do I have to change my name
http://www.azlyrics.com/lyrics/madonna/americanlife.html
ouvir: http://br.youtube.com/watch?v=r4Mw156D1CY
CLC
O Concelho de Sintra possui um vasto e rico património histórico/cultural, Sintra atrai vários tipos de pessoas. As potencialidades da Região Sintrense não se limitam ao encontro selvagem da Serra, aos valores artísticos e patrimoniais da Vila de Sintra e às fabulosas praias; reúne também no seu espaço, preciosas e importantes relíquias arqueológicas, sobretudo do período Romano, antigas quintas senhoriais, igrejas, mosteiros, palácios, solares, fontes, jardins e tradicionais aglomerados de construção saloia. Destaque ainda para importantes eventos culturais, como sejam o Festival Internacional de Música de Sintra e as Noites de Bailado.
O “Museu da Arte Moderna” é uma atracção turística de grande relevo, dado ser este o único no país dentro do seu género e o mais importante da Península Ibérica. No entanto, podem ainda ser visitados, no Concelho, as Casas – Museu da Leal da Câmara e Anjo Teixeira, o Museu Ferreira de Castro, o Museu do Brinquedo, o Museu de Odrinhas e a Quinta da Regaleira, entre outros que segundo a lista existente no sitio na internet da ALAGAMARES - ASSOCIAÇÃO CULTURAL de Galamares http://www.alagamares.net/ (Publicado em: 2005-12-18), existem cerca de 65 locais/edifícios que foram abrangidos no PATRIMÓNIO SINTRENSE CLASSIFICADO, compilado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).
Os exemplos mencionados em epígrafes, e tantos outros existentes no Concelho de Sintra, tiveram e têm contribuído no processo de mudança social, verificando-se ao longo dos séculos. Essas edificações e lugares estão profundamente ligados a formas de estar e pensar, que foram sendo criadas, melhoradas e até mesmo alteradas.
Já que se está a falar de CULTURA, será interessante tentar saber o significado de Cultura, Bens Culturais, Património Cultural.
Cultura:
É o conjunto de actividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo. É o meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência transformando a realidade. Cultura é um processo em permanente evolução, diverso e rico. É o desenvolvimento de um grupo social, uma nação, uma comunidade; fruto do esforço colectivo pelo aprimoramento de valores espirituais e materiais.
Bem cultural
É o produto do processo cultural, que proporciona ao ser humano o conhecimento e a consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca.
Património cultural
O património cultural de um povo confere-lhe identidade e orientação, motivos básicos para que se veja como comunidade, ensinando valores ligados à pátria, à ética e à solidariedade e estimulando o exercício da cidadania, através de um profundo senso de lugar e de continuidade histórica. Os sentimentos que o património recorda são superiores, faz parte do quotidiano e referencia a vida das pessoas. Património cultural é, portanto, a soma dos bens culturais de um povo. Valores que podem ser transmitidos de gerações em gerações.
O património cultural apresenta-se de diversas formas.
Na forma de bens imateriais, compreende toda a produção cultural de um povo, desde sua expressão musical, até sua memória oral, passando por elementos que caracterizam a sua civilização.
Na forma de bens materiais, o património divide-se em dois grupos:
Bens Móveis - grupo que compreende a produção pictórica, escultórica, mobiliário e objectos utilitários
Bens imóveis - que não se limitam só ao edifício, mas também o seu conteúdo, garantindo o seu todo. No conjunto de bens imóveis que constituem o património de um povo e de um lugar, incluem-se os núcleos históricos e os conjuntos urbanos e paisagísticos, importantes referências para as noções étnicas e cívicas da comunidade. Esses bens possuem um valor cultural, que não é mais do que a sua capacidade de estimular a memória das pessoas historicamente enraizadas na comunidade, contribuindo para garantir sua identidade cultural e melhorar sua qualidade de vida.
O significado da arte no domínio público aparece em espaços cheios de conflitos e contradições. Falar em arte pública é pensar sobre a vida de uma comunidade. O quotidiano une as relações, não apenas as sociais, mas as espaciais, ligadas a um território, a uma comunidade. As manifestações artísticas pensadas para os espaços públicos alteram e/ou possibilitam o uso do próprio espaço público, criando formas de apropriação e de organização social e, algumas vezes, até simbólicas, que requalificam a própria vida do indivíduo, da localidade e da comunidade à volta dessas manifestações/alterações, provocando relações figurativas e cooperações que possibilitam novos campos de acção cultural. Pode ter como ideia, juntar a comunidade, sendo ao mesmo tempo uma referência histórica, de espiritualidade e fantasia (muitas vezes como imagem de ostentação e poder).
Muitas vezes desconhecemos os nomes das ruas, avenidas e praças, mas não esquecemos, visualmente, a localização no espaço físico de alguns emblemas visuais como os monumentos do concelho, sinais que integram o quotidiano, pontos de referência que distinguem o próprio espaço físico, pontos de concentração, cruzamentos urbanos que se transformam em imagens simbólicas, característicos de um local, ex.: eu desconhecia o nome da praça, onde está localizado o Palácio Nacional de Sintra (após pesquisa fiquei a saber que não é praça mas sim Largo Rainha D. Amélia).
Nas últimas décadas, no nosso país e particularmente no Concelho de Sintra, têm-se assistido a uma total falta de preocupação a nível cultural, na medida em que nos tempos actuais, o homem vive com o objectivo do imediato e do essencial, existindo ao mesmo tempo uma crise de valores, não se preocupando com os valores culturais de uma sociedade (a crise de valores aliada à crise económica, assim não o permitem), os recursos disponíveis têm que ser canalizados para o essencial, e em muitos casos a cultura pode tornar-se dispendiosas.
No entanto tem-se sentido alguma tentativa de mudança, como por exemplo a entrada gratuita, aos Domingos de manhã, em alguns monumentos do concelho, e até mesmo a nível nacional. Podendo atribuir-se esta mudança ao sentir das instituições perante a fuga cada vez mais acentuada, dos cidadãos no que à cultura diz respeito.
Numa sociedade dividida em classes, as classes dominantes, ao conquistarem o poder do Estado e o seu aparelho, passam a controlar os aparelhos ideológicos. Quer isto dizer que controlam um conjunto de instituições que funcionam de modo dominante pela ideologia e pela violência simbólica – mass media, escolas, famílias, etc.
É precisamente através dessas instituições que se realiza a acção desenvolvida pelas classes dominantes na produção e reprodução cultural dos seres humanos – as instituições ensinam os saberes práticos, mas em formas que assegurem a dependência à ideologia dominante ou o conduz à prática desta.
Deste modo, pode afirmar que as instituições, ao funcionarem de acordo com os interesses das classes dominantes da sociedade, limitam o desenvolvimento cultural de um povo, a a sua relação com a cultura. Contudo, elas vão-se modificando ao longo do processo histórico.
Com efeito, as instituições dependem da estrutura das relações de classes e a sua mudança da luta de classes. Aliás as próprias instituições são atravessadas pela luta de classes. Quer isto dizer que as instituições são também o resultado das estratégias desenvolvidas pelos diferentes intervenientes sociais, podendo desempenhar um papel activo na reprodução social ou, pelo contrário, dar origem a uma transformação social.
No entanto a sociedade está a começar a sentir a necessidade de se virar para outros valores, que não os materiais, de forma a sentir-se mais humano e não cair no abismo da anarquia.
Não são precisos só espaços culturais, é preciso uma agenda cultural bem definida e com eventos que se repitam, e não somente esporádicos (conforme convém). Não é a forma, os edifícios que vão cativar as pessoas a longo prazo. É o conteúdo, o que esses edifícios têm no seu interior que vai atrair e cativar as pessoas. A cultura deve ser para todos, pois não tem de ser só para as elites (arte privada). Por outro lado, não são só as festas com música pimba e bifanas que o povo aprecia. Merecem muito mais, muito mais. Esperemos que os vários organismos envolvidos em todas as formas de cultura, proporcionem a aproximação da população, às várias manifestações culturais, de uma forma natural e que lhes ofereçam a possibilidade de escolha, quer como participantes activos quer apenas como espectadores. As pessoas também não deverão ser passivas, não se devem divorciar da cultura, igualmente devem estar de olhos abertos e saber ver onde estão os sinais de mudança e as “marcas de futuro”.
Que os nossos jovens tenham a oportunidade que, nós, os adultos, que aqui vivemos, não tivemos. Apreciar e tomar contacto com as coisas da cultura, nas artes e nos espectáculos. Assim será possível ter uma população, onde estarão incluídos os nossos filhos e netos, com um nível cultural mais elevado.
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Vitor Madeira wrote
STC
TEMA: VALIDADE E VERIFICABILIDADE DAS HIPÓTESES
Para conhecermos cientificamente a natureza e as leis a que obedece o seu funcionamento não podemos interrogá-la de qualquer maneira. Temos de fazê-lo de acordo com certas regras, com procedimentos regulares claramente definidos e passíveis de repetição. É a estas regras que vulgarmente damos o nome de método. Um método é um instrumento, um guia ou o caminho que se segue para alcançar um objectivo.
O método científico é, pois, o caminho que o cientista percorre para descobrir, investigar e alcançar os seus objectivos. Abrange os procedimentos ordenados e sistematizados que as diversas ciências seguem para descobrir verdades e leis científicas.
Não há um método único que possa ser mecanicamente aplicado às diferentes áreas de investigação. Cada ciência, ao determinar o seu campo de investigação, define uma perspectiva própria e um conjunto de objectivos e de procedimentos (métodos e técnicas) que lhe permitirão construir uma visão específica da realidade.
Qual é a importância método?
È responsável pela eficácia da investigação.
ü Dá credibilidade aos resultados da investigação.
ü É um dos critérios que permite distinguir os conhecimentos verdadeiramente científicos dos que o não são.
Quando surgiu o método científico?
O método científico surgiu quando da criação da ciência moderna, no séc. XVII, graças às contribuições de personalidades como Bacon, Galileu, Newton e Descartes. Com estes autores começou a desenhar-se a combinação de dois objectivos que vão marcar a Ciência até hoje, a saber:
· O conhecimento da natureza, isto é, conhecer e descrever os seus mecanismos de funcionamento (dimensão teórica da ciência),
· O controlo desses mecanismos de funcionamento e dos recursos naturais (dimensão prática ou técnica).
A partir de então, o objectivo geral adoptado passou a ser o de compreender como tudo funciona (à imagem do mecanismo harmonioso de um relógio) para se poder prever e actuar.
A exigência de rigor aparece aliada a um ideal de matematização, ligando a observação e a experimentação à demonstração lógico-matemática; por isso, faz parte deste conceito moderno de ciência a exigência metodológica. O método aparece como um conjunto de procedimentos a ter em conta, sem os quais os resultados da investigação não terão credibilidade. Ciência e método científico são duas realidades interdependentes e a própria evolução da ciência e o alargamento dos seus objectos de investigação exigem a reformulação e o ajustamento desses procedimentos às exigências da natureza do assunto a investigar.
Assim sendo, podemos dizer que há um método científico único? Sim e não. Sim, se entendermos por método científico o conjunto de procedimentos ordenados e sistematizados a ser adoptado pelo cientista na sua investigação. Não, se considerarmos concretamente os procedimentos a adoptar em cada ciência em particular. Parece óbvio que os procedimentos usados na investigação psicológica serão diferentes dos da investigação nos domínios da química, por exemplo.
Vejamos, a partir de um texto, alguns passos da constituição do método científico:
“Para Bacon, o método científico é um conjunto de regras para observar fenómenos e inferir conclusões a partir de tais observações. O método de Bacon é, pois, indutivo.
As regras de Bacon eram simples, a tal ponto que qualquer pessoa (...) poderia apreendê-las e aplicá-las.
Eram também infalíveis: bastava aplicá-las para fazer a ciência avançar.
Naturalmente, nem Bacon nem qualquer outro lograram jamais contribuir para a ciência usando os cânones indutivos – nem os de Bacon, nem os de Mill, nem os de qualquer outro. Porém, a ideia de que existe tal método e de que a sua aplicação não requer talento, e tão-pouco uma extensa preparação prévia, é tão atractiva que ainda existem os que acreditam na sua eficácia. (...)
Descartes, que, ao contrário de Bacon, era um matemático e cientista de primeira linha, não acreditava na indução, mas na análise e na dedução. Enquanto Bacon exagerava a importância da experiência comum e ignorava a experimentação e a existência de teorias, particularmente teorias matemáticas, Descartes menosprezava a experiência. Com efeito, deveria partir-se de princípios supremos, de natureza metafísica e mesmo teológica, para deles obter verdades matemáticas e verdades acerca da natureza do homem. (...)
A ciência natural moderna nasce à margem dessas fantasias filosóficas. Galileu não se conforma com a observação pura (teoricamente neutra) e tão-pouco com a conjectura arbitrária. Galileu propõe hipóteses e submete-as à prova experimental. Funda assim a dinâmica moderna, primeira fase da ciência moderna.”
BUNGE, Mario, A epistemologia
Da análise do texto podemos concluir que:
Ø O método científico se foi constituindo a partir da várias contribuições de Bacon, Descartes e Galileu;
Ø O método preconizado por Bacon era indutivo: “um conjunto de regras para observar os fenómenos e inferir (por indução) conclusões”. As propostas eram muito simples e, por isso, muitos aderiram e acreditaram (e ainda acreditam) na sua eficácia. No entanto, diz o autor, o método indutivo não permite constituir a ciência porque dá muita importância à experiência comum e ignora a experimentação e as teorias;
Ø O método preconizado por Descartes era dedutivo. Defendia que se deveria partir de princípios gerais e derivar deles verdades acerca da natureza, ignorando a experimentação;
Ø O autor considera que o método verdadeiramente científico foi criado por Galileu, que alia a observação metódica e sistemática (direccionada e intencional) ao raciocínio, nomeadamente ao raciocínio matemático. Galileu propõe hipóteses e submete-as a uma verificação experimental. É ele o criador do método científico moderno (do modelo hipotético-dedutivo, de que vamos falar mais à frente).
MÉTODO INDUTIVO
“O cientista começa por um vasto número de observações de certo aspecto do mundo: por exemplo, o efeito de aquecer a água. Estas observações devem ser tão objectivas quanto possível: o objectivo do cientista é ser imparcial e não ter preconceitos ao registar os dados. Uma vez escolhida, pelo cientista, uma grande quantidade de dados baseados na observação, o estádio seguinte é criar uma teoria que explique o padrão de resultados. Esta teoria, se for boa, explicará simultaneamente o que estava a acontecer e irá prever o que é provável que aconteça no futuro. Se os resultados futuros não se coadunarem completamente com estas previsões, o cientista modificará a sua teoria para dar conta deles.”
WARBURTON, Nigel, Elementos básicos de filosofia
O texto descreve as etapas do método indutivo-experimental:
ü Realça a importância da observação – o ponto de partida - , da qual se induzem as hipóteses ou explicações prováveis;
ü Chama a atenção para o facto da observação, enquanto primeira etapa do método científico, ter de ser rigorosa e neutra, ou seja, o investigador deve ser imparcial na recolha e na interpretação dos dados, não se deixando influenciar pelas suas crenças;
ü A partir dos dados observados, o investigador formula uma hipótese, que é a explicação proposta para o problema que se está a investigar;
ü A hipótese deve ser verificada, confirmada ou rejeitada através da experimentação;
ü Se a hipótese superar as provas experimentais e for confirmada transforma-se em lei, isto é, aquilo que foi observado e se verificou num certo número de situações é considerado verdadeiro para todas, mesmo para as ainda não observadas;
ü Com base nessa lei, podemos prever o que irá acontecer no futuro;
ü Se os dados futuros de observação não concordarem com as previsões, a lei ou teoria terá que ser modificada.
Durante o séc. XIX e princípio do séc. XX, as ciências naturais (também designadas “ciências exactas” ou “experimentais”) foram tomadas como padrão de cientificidade, considerando-se que:
§ O procedimento do investigador devia consistir na valorização do raciocínio indutivo-experimental: começar pela observação de fenómenos e, a partir de relações estabelecidas entre eles, elaborar hipóteses que sendo submetidas à experimentação deviam permitir construir leis e teorias gerais a partir da generalização dos resultados das investigações a todos os fenómenos do mesmo tipo;
§ Esse procedimento devia ser seguido por todas as ciências, que deviam subordinar-se a esse modelo das ciências “exactas” para atingir estatuto e credibilidade científica.
O raciocínio indutivo permitia aumentar o conhecimento, pois obtém conclusões gerais a partir de premissas particulares, isto é, analisando alguns fenómenos, podemos formular uma lei que os abranja a todos. Assim, podemos ordenar a realidade descobrindo um funcionamento constante e regular e, por isso, prever os fenómenos com base experimental.
Mas será que da observação de um certo número de fenómenos podemos formular leis que se apliquem validamente a todos? E será que o método científico se pode reduzir unicamente a este modelo de raciocínio?
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO
Há ciências, situações e domínios de investigação em que se pode partir da observação dos factos, mas há outros em que a investigação é desencadeada por um problema teórico ou por uma mera especulação. Por isso, o método científico inclui também procedimentos dedutivos e hipotético-dedutivos.
“O salmão prateado nasce nas correntes frias do noroeste do Oceano Pacífico. O pequeno peixe nada até ao Pacífico Sul, onde poderá passar até cinco anos para atingir a maturidade física e sexual. Em seguida, em resposta a algum estímulo desconhecido, volta às correntes frias para desovar. Acompanhando o roteiro do peixe, descobre-se um facto curioso. Ele volta, quase sempre, precisamente ao seu local de origem. Eis aqui um facto-problema que pede explicação. Como é possível que o peixe identifique exactamente o lugar onde nasceu, depois de tantos anos e de percorrer tão longa distância?
Uma das hipóteses sugeridas para explicar o retorno foi a de que o salmão descobre o caminho de volta reconhecendo objectos que identificou durante a primeira viagem. Se esta hipótese estivesse correcta, então, vendando os olhos do salmão, ele não conseguiria voltar. Daí temos:
H1: o salmão utiliza apenas os estímulos visuais para encontrar o seu caminho de volta.
Consequência preditiva: o salmão x, com os olhos vendados, não será capaz de voltar.
Suponha-se que o salmão x, com os olhos vendados, encontre o seu caminho de volta. O resultado dessa experiência falseia a hipótese. Por outro lado, suponha-se que o peixe com os olhos vendados não encontre o caminho de volta. Este resultado seria capaz de verificar, assegurar a verdade da hipótese do estímulo visual? Não. Apenas podemos afirmar que o resultado experimental apoiou a hipótese.(...)
As experiências realizadas para testar a predição da hipótese acima revelaram que todos os salmões com os olhos vendados conseguiram voltar ao seu lugar de origem, o que desconfirma a hipótese.
Nova hipótese foi apresentada para explicar o fenómeno. Desta vez pelo Dr. Hasler da Universidade de Wisconsin, EUA, que formulou a hipótese de que o salmão conseguiu voltar ao seu lugar de origem identificando o caminho pelo olfacto. Se a hipótese fosse verdadeira, bloqueado o olfacto do salmão, ele seria incapaz de identificar o caminho de volta. Daí segue-se:
H2: o salmão identifica o caminho pelo olfacto.
Predição: bloqueado o olfacto, o peixe não será capaz de identificar o caminho.
Para efectuar o teste da hipótese, o Dr. Hasler realizou experiências com salmões que haviam tido o olfacto bloqueado. Os peixes não conseguiram voltar. Esse resultado confirmou a hipótese.”
HEGEMBERG, Leónidas, Iniciação à lógica e à metodologia das ciências
O texto descreve as etapas de uma investigação no domínio da biologia.
ü O investigador começa por formular um facto-problema: “como é que os salmões identificam o lugar em que nasceram depois de tantos anos e de percorrerem tão grandes distâncias?”
ü Formula uma hipótese: “talvez descubra o caminho reconhecendo objectos que viu durante a primeira viagem”.
ü Infere da hipótese consequências preditivas: “se assim for, de olhos vendados, não pode encontrar o caminho”.
ü Submete essas consequências a verificação/experimentação, a fim de confirmar ou refutar a hipótese. No caso, a verificação passa por: “vendar os olhos ao salmão para ver se ele encontra ou não o caminho de volta”.
ü Se a experimentação confirmar a consequência preditiva – “o salmão de olhos vendados não encontra o caminho de volta” -, a hipótese é apoiada ou corroborada.
ü Se a experimentação refutar a consequência preditiva: “o salmão de olhos vendados encontra o caminho de volta”, a hipótese é rejeitada e formulada uma nova hipótese.
A investigação científica visa a resolução de problemas e, como tal, o primeiro momento do processo consistirá na formulação de um problema.
A observação, enquanto momento ou etapa do método científico, não pode ser nem ocasional nem fortuita. Tem de ser metódica e sistematicamente preparada, utilizar instrumentos e uma sofisticada aparelhagem técnica para prolongar e precisar o alcance dos nossos sentidos, registando, medindo, quantificando... ou seja, construindo um facto científico. A observação científica tem sempre implícita uma teoria prévia que a guia e que determina o que deve ser observado.
A hipótese é o momento criativo e inovador da pesquisa, o momento em que o cientista inventa uma suposta solução, isto é, em que constrói um cenário que desencadeará o processo de confirmação ou refutação. A criação de uma hipótese é uma tentativa de explicação e, como tal, tem um carácter provisório, exigindo ser verificável e controlável pela experimentação.
O passo seguinte do processo consiste em deduzir da hipótese consequências preditivas.
As consequências inferidas duma hipótese têm de ser testadas a fim de serem confirmadas ou refutadas.
A verificação experimental, isto é, o confronto das consequências deduzidas da hipótese com a experimentação determinará a confirmação ou a refutação da hipótese. Deste procedimento resulta a formulação de uma lei explicativa dos fenómenos. Portanto, para sintetizar, podemos concluir que o método científico alia observação/experimentação e teoria, indução e dedução.
Por consequência, toda a pesquisa se propõe resolver um conjunto de problemas. Se o investigador não possuir uma boa preparação teórica não poderá ter uma ideia clara dos problemas a pesquisar; se não possuir os conhecimentos necessários para os abordar, para propor hipóteses adequadas e deduzir consequências preditivas, nem para as submeter a controlo experimental, não se poderá considerar um cientista, nem o resultado do seu trabalho se poderá chamar ciência.
A ciência é, pois, constituída por leis gerais que relacionam matematicamente, sempre que possível, enunciados factuais e expressam relações constantes de forma mais ou menos operacional. Combinando e interligando conjuntos de leis e hipóteses coerentes, formamos explicações mais vastas a que chamamos teorias científicas (explicações mais amplas a partir da combinação das leis gerais). Enquanto as leis têm um carácter descritivo das regularidades e variações ocorridas entre fenómenos, as teorias procuram interpretar essas regularidades a partir de um quadro mais vasto, visando deduzir novas leis ou formular hipóteses com vista à explicação de novos factos. Assim, a teoria mecânica de Newton foi elaborada a partir das leis de Galileu e de Kepler.
O que foi dado a conhecer pelos formadores
A dialéctica da construção social: Ricardo Vieiradoutor em Antropologia Social, 1998
Falar de identidade é falar de construção dinâmica, de constante reestruturação - constante metamorfose - para um novo todo. Mas o todo não é uma mera soma de partes como muito bem frisou Durkheim. O todo - e a identidade é um todo complexo - não pode ser inferido a partir das qualidades das partes. Por isso não há determinismo no comportamento humano. Semelhantes trajectórias e similares modelos de influência podem produzir até diferentes identidades. Podem criar cidadãos com identidades, práticas e representações sociais até antagónicas. Este mistério, esta imprevisibilidade, parece ter origem na forma como se combinam os elementos desse todo. E entre pessoas, isso é parte da subjectividade de cada um que urge no entanto estudar para comprender como se forma o ser.
Vejamos todavia um primeiro exemplo bem mais objectivo, retirado do domínio das Ciências da Natureza, onde o princípio identitário que referi atrás, vale da mesma maneira: " Um frasco cheio de cloro aberto é perigoso. Um pedaço de sódio também; é um metal explosivo. Contudo, da junção de um átomo de cloro com um átomo de sódio, resulta o cloreto de sódio, o nosso familiar sal de cozinha, que é inofensivo. As suas propriedades não podem ser inferidas a partir dos dois elementos que o compõem. Todas as associações acabam por ser um pouco imprevisíveis. A complexidade do todo, de um objecto físico, de um grupo social, de uma identidade pessoal, etc., é tal, que se torna extremamente difícil resumir o seu comportamento a uma sucessão de determinismos em que os factos sejam explicados por uma listagem de relações do tipo causa-efeito.
A auto-construção da identidade, do Eu
Contudo, o problema torna-se ainda mais complexo no domínio das identidades pessoais e culturais. Esse todo identitário - o homem - é construído e constrói-se a si próprio. "Entre a acção dos outros (heteroformação) e a do meio ambiente (ecoformação), parece existir, ligada a estas últimas e dependente delas, mas à sua maneira, uma terceira força de formação, a do eu (autoformação). Uma terceira força que torna o decurso da vida mais complexo e que cria um campo dialéctico de tensões, pelo menos tridimensional, rebelde a toda a simplificação unidimensional" (Pineau, 1985: 65).Na construção da identidade pessoal, a tomada de consciência do eu e do outro, faz-se tanto pelo jogo de oposição e demarcação (enclausuramento no nós cultural) como pelo da assimilação (abertura à diferença). Nos dois casos há comunicação, processos interactivos caracterizados pela existência da percepção da alteridade.
Com o crescimento, a criança constata cada vez mais o outro. Vê-o na televisão, encontra-o na escola e noutros grupos sociais onde vai cada vez mais interagindo. A criança, entretanto adolescente, vai descobrindo a alteridade sociocultural: outros comportamentos, outras referências, outras representações, outras religiões, outras etnias, etc. O jovem adolescente vai então arrumando a diversidade aprendendo a identificar e a classificar as diferenças. Começa a fazer a aprendizagem da diversidade cultural. Mas fica em aberto o modo como arruma a diversidade: de forma hierarquizada, desigual ou não, simplesmente alternativa, etc.A identidade e a alteridade constroem-se neste processo de interacção onde o indivíduo percorre o caminho entre o nós e o outro que vai descobrindo. O indivíduo acede à consciência de si, por diferenciação dos outros e assimilando a identidade do grupo que designa e identifica como seu.
Cada homem quer transformar o que não é seu naquilo que quer, e que quer que seja seu. Busca assim uma síntese com a acção que ele quer. Constrói-se assim o Eu. Uma construção cuja matriz cultural é o outro. São os outros que constituem os referenciais; ou pelo menos, parte dos outros reajustadas ao eu que se torna assim num nós. É efectivamente o outro que dá sentido ao eu. Surge assim um projecto de existência. Depois é-se outro. Foi-se metamorfoseado, reconstruído. Mas é o homem que se autocria na globalidade. Recria-se um novo eu, um novo outro, um novo mundo. É por isso que só com os outros e com o contexto a pessoa é. A mudança pessoal e social também só é assim possível para uma nova totalidade. Mudar é reconstruir a identidade pessoal, profissional, etc.Vinicius de Moraes, poeta brasileiro, escreveu em poema “o operário em construção”. E com ele termino justamente com um trecho onde o autor me parece colocar bem a dialéctica da construção social:
O operário em construção
Mas ele desconheciaEsse facto extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.[...]O operário emocionadoOlhou sua própria mãoSua rude mão de operárioDe operário em construçãoE olhando bem para elaTeve um segundo a impressãoDe que não havia no mundoCoisa que fosse mais bela.Foi dentro da compreensãoDesse instante solitárioQue, tal sua construçãoCresceu também o operário.Cresceu em alto e profundoEm largo e no coraçãoE como tudo que cresceEle não cresceu em vãoMas ele desconheciaEsse facto extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.[...] O operário emocionadoOlhou sua própria mãoSua rude mão de operárioDe operário em construção
E olhando bem para elaTeve um segundo a impressãoDe que não havia no mundoCoisa que fosse mais bela.Foi dentro da compreensãoDesse instante solitárioQue, tal sua construçãoCresceu também o operário.Cresceu em alto e profundoEm largo e no coraçãoE como tudo que cresceEle não cresceu em vãoPois além do que sabia- Exercer a profissão -O operário adquiriuUma nova dimensão:A dimensão da poesia.[...]Uma esperança sinceraCresceu no seu coraçãoE dentro da tarde mansaAgigantou-se a razãoDe um homem pobre e esquecidoRazão porém que fizeraEm operário construídoO operário em construção.
(MORAES, 1988: 98-102)
Maiakovski
Maiakovski - Poeta russo "suicidado" após a revolução russa de 1917… escreveu, ainda no início do século XX :
Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.
Depois de Maiakovski…
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei
Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...
Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazis.
Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...
Cláudio Humberto, em 09 FEV 2007
O que os outros disseram, foi depois de ler Maiakovski. - até quando?...
Incrível é que, após mais de cem anos, ainda nos encontremos tão desamparados, inertes, e submetidos aos caprichos da ruína moral dos poderes governantes, que vampirizam o erário, aniquilam as instituições, e deixam aos cidadãos os ossos roídos e o direito ao silêncio : porque a palavra, há muito se tornou inútil…
Bom Dia - Queremos um SORRISO estampado em cada rosto!
E, fazer de um sítio único o local de troca de ideias.